quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CHESSBOXING - A SOLUÇÃO?

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Em Junho pp. foi inventada uma nova modalidade desportiva. O chessboxing.

Parece ter sido criada a modalidade na Bulgária.

Bem, do Oriente vem a Luz do Conhecimento…

A “coisa” é dura! 2 minutos de boxe, 1 minuto de intervalo, 4 minutos de xadrez. Isto em 11 rondas!

Por cá temos outras rondas.

As do Dom futuro Past-Presidente com os partidos.

As do Primeiro-ministro indigitado com os demais partidos com assento Parlamentar.



A grande maioria dos Governos que tivemos em Democracia, exerceram o governo sem maioria Parlamentar.

Mas…, … os “artistas” eram outros…!

Quer-me parecer que se houver uma redefinição interna no PSD a muito breve prazo e da mesma emergir Pedro Passos Coelho, poderá este País ser governável durante um mandato completo.

Caso contrário, e partindo de um pressuposto lógico, o de o Sr. Silva não perceber a tempo e horas que, no interesse do País, não se deve recandidatar, iremos “levar” com muito protagonismo por parte da "hirta criatura".

Ai de nós! Ai do País!

J. Sócrates, P. P. Coelho, P. Portas, F. Louçã, J. Sousa, entendam-se!

Entendam-se minimamente para bem de todos nós!

O País precisa que haja um mínimo de entendimento nas bancadas Parlamentares.

Desenrasquem-se!

Como último recurso… joguem chessboxing!

O País agradecer-vos-á.
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sábado, 22 de agosto de 2009

António José Baptista da Mota Fonseca

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Grande Tó Zé!

Que saudades que me deixaste!

Nunca mais nos iremos encontrar!

Partiste num ápice com toda a tua família.

Mas porque carga de água é que vocês se foram meter debaixo do rochedo na praia Maria Luísa!?

Tão previdente que costumavas ser…

Não sei como é estar nesse mundo. Um dia sabê-lo-ei.

Espero não partir como Tu. Espero não partir ao mesmo tempo que os meus Filhos.

Espero partir antes. Partir muito tempo antes…

Adeus meu querido companheiro dos matraquilhos na Feira!

Adeus meu querido companheiro do pingue-pongue nos Bombeiros!

Adeus meu querido companheiro das incipientes tertúlias na Pastelaria Donirene!

Adeus meu querido amigo da juventude Viseense!

Adeus!

RIP

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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Reviralho!

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Olá Dom Blogue! Cá estou EU!

Cá estou eu a pensar que anda a dar o reviralho na Dona Filha!

A “Piquena” anda um pouco à rasca com os exames!

Quem nunca passou por isso?

Daqui, o Dom Pai, tenta incentivar.

Daqui, o Dom Pai, tenta animar.

Força Dona Filhómetra!

Ataca!

Ataca com afinco!

Afinfa-lhes com umas respostas correctas e à maneira!

Responde-lhes com convicção!

Os resultados virão. Sejam eles bons, razoáveis ou maus, o certo é que virão!

Portanto, quanto a teres resultados, estamos conversados.

Dado que maus é já praticamente impossível pelas 4 cadeiras já feitas, restam os bons e os razoáveis o que, na minha maneira de pensar, é bom!

Assim, sejam eles quais forem, a tua estadia em Erasmus em Milão é um êxito.

Tarau! Dom Pai “dixit”!

E a vida não é só estudo…!

…É também… regresso…!

Já só faltam 40 dias!!!

O “merdelim” é que cada dia tem 24 horas; cada hora tem 60 minutos; cada minuto tem 60 segundos.

Faltam ainda muitos segundos para te abraçar.

Faltam ainda muitos segundos para matar as saudades.

Seja lá como for, já faltou muito mais!

Força e coragem na recta final!
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Tenho Neto! Tenho Afonso!

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Tenho Neto!

Tenho Afonso!

Estou bloqueado. Quero “gritar” ao mundo que sou Avô de um Bebé. As palavras orais ou escritas não fluem! Só as lágrimas continuam a fluir. Quer-me parecer que isto não é normal. Vejo-me obrigado a ter pena do Afonsinho – o Avô Paterno é, no mínimo, chalado!

Foi anteontem. Continuo emocionado.

E o Afonsinho é lindo!

Eu sei o que toda a gente sabe.
Não comento o que eu sei.
Não comento o que toda a gente sabe.

Mas… o Afonsinho é MESMO lindo! É um Bebé amoroso! É suave! É macio! É tenrinho! Dá espirros tão agradáveis de ver e ouvir! Tem um choro tão cativante! Tem um soninho tão descansado e relaxado!

Pensem o que quiserem! O meu Bebé é o mais bonito do mundo!!!

Mas é que o é mesmo!!!

E além de tudo o mais… é meu! Meu! Meu!

O meu Bebé é portador de uma farta e bem distribuída cabeleira.

O meu Bebé tem belíssimas mãos; compridíssimos e bem delineados dedos; unhas perfeitas, longas e com duas cores – à Francesa!
E faz tudo bem feito!
Faz xixi. Faz caquinha inodora. Engelha a carinha. Cerra os olhinhos. Abre muito os olhinhos. Por vezes abre um olhinho de cada vez. Dá punsinhos quase inaudíveis. Faz o mais bonito dos beicinhos. Fecha com firmeza o meu dedo na sua mãozinha.

O Afonsinho sorrí. O meu Afonsinho já sorrí! O Afonsinho é o meu Príncipe!

Já tinha passado por tais sensações por duas vezes. Há 27 e 22 anos atrás. Quando fui Pai.

Agora é diferente. Agora é melhor. Mato as saudades do meu “pequenino” e da minha “pequenina”, que são muitas, e tenho um novo Bebé.

E é meu!
Obviamente que é meu!
Alguém duvida?
Há por aí alguma santa alminha que se atreva a discordar!?

Já estou como um conhecido Major – “Quantos são? Onde estão?”…
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Afinal o sr. Oliveira pode ter sido um Democrata!

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Anda-se sempre a aprender!

Julgava eu que "Democracia" vinha do grego demos kratos - o poder do povo.

Agora, lendo um artigo de opinião do Politólogo filho do falecido Dr. Clemente Rogeiro, venho a saber que há quem defenda que vem do árabe dema karasy - o acto de se sentar, perpetuamente, numa cadeira.

Sendo assim, o sr. Oliveira terá sido um Democrata!

Ficou na cadeira tão perpetuamente que só uma queda da dita o tirou da mesma!

Qual a mui fidedigna, científica e esclarecida fonte que nos indica que "Democracia" vem do árabe?

O clarividente, esforçado, eterno e perpétuo Presidente da Líbia - o sr. Khadafi!

... outro que tal ...

... outro para quem tem lógica
... esta questão ... etimológica ...
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Saudosismos!?

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A SIC põe uma "novela" de 2 dias no ar.

O sr. Oliveira tem vindo a ser recordado com uma enorme, acéfala e triste frequência!

Livros sobre o dito sr. são aos montes!
Documentários sobre o dito sr., cá nos vão sendo presentes de quando em vez!
Num concurso televisivo, o dito sr., foi Rei!

Agora surge-nos uma "novela" sobre a vida privada do botas!

Recuso-me a ver tal coisa.

Claro que perco! Perco a Soraia Chaves. Perco a Cláudia Vieira. Perco outras meninas que apareçam na "novela".

Qual delas fará de Maria Emília?

Claro que ganho! Não conspurco a minha rica cabecinha com tontices.

Produção, por certo, apenas para consumo interno!
Que televisões, de que outros Países, terão qualquer interesse em adquirir "esta coisa"?

Que me interessa a mim que o homem, para além de ter instalado no meu País uma Ditadura, tenha tido, ou não, a sua "dita" dura?

Qual o interesse "desta coisa" neste ano?

Terá alguma coisa a ver com o facto de ser um ano de eleições?
Três actos eleitorais! Europeias, Legislativas e Autárquicas!

Já percebi!
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sábado, 3 de janeiro de 2009

A lenda da Divina Balkis e de Solimão Ben Daud

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Baseado em Gérard de Nerval apresento-vos hoje um resumo romanceado de

A LENDA DA RAINHA DA MANHÃ E DE SALOMÃO FILHO DE DAVID

A primeira publicação, de que há notícia, desta lenda aconteceu em 1730 e foi escrita por Samuel Pritchard.

Espero que gostem.
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No tempo e no espaço – Vamos tentar situar-nos em Constantinopla.

No tempo e no espaço – Vamos tentar situar-nos no Ramadão.

No tempo e no espaço – Vamos tentar ouvir um maravilhoso conto, declamado por um contador profissional, como aqueles que ainda hoje se encontram nos cafés nos bairros operários, perto dos bazares, em Istambul.

Vamo-nos imaginar, calmamente sentados num café, a fumar de um narguilé.

Ao tempo, o Templo estava a ser erguido na montanha de Sião em Jerusalém.

Quando tudo se passa já Hiram servia o Rei Salomão, filho de David, havia dez anos. Dez anos de renúncia ao sono! Dez anos de renúncia aos prazeres! Dez anos de renúncia a festas! Dez longos anos desde que o Rei Hirã de Tiro o tinha oferecido de presente, a ele que pela sua arte e engenho tinha sido considerado Príncipe de Tiro, a Salomão Príncipe dos Génios.

De noite traçava planos. De dia modelava as enormes estátuas de bronze destinadas ao Templo com que Salomão pretendia honrar Adonai. Estátuas de leões, tigres, dragões alados, querubins…

Para tamanha hercúlea tarefa, Hiram tinha instalado as forjas junto ao Templo em construção.

Hercúlea tarefa era também a condução de perto de 200.000 operários. Diz-se terem sido os fundidores mais de 30.000, os canteiros e os pedreiros mais de 80.000 e os serventes mais de 70.000.

Mas, ao certo, quem era Hiram? De onde vinha? Qual era a sua Pátria? Qual era a sua raça? Onde tinha ele adquirido todo o seu imenso saber? Ninguém, ninguém o sabia! Era um enorme mistério! Era o seu segredo!

Nem um amigo, se lhe conhecia. Só se lhe conheciam escravos devotados, devotadíssimos. E Benoni, o seu companheiro. Benoni que aplacou a sua fúria quando, por ordem de Salomão foi decretado um dia de folga, um dia em que nenhum operário trabalhou, um dia em que até os fornos arrefeceram…

Mas, ao mesmo tempo que dava andamento aos Reais desejos de Salomão, Hiram desdenhava da construção do Templo! Profundamente incomodado com a excessiva vaidade do seu Senhor, transmitia as suas preocupações a Benoni.

Contou-lhe sobre uma obra feita em tempos imemoriais pelos filhos de Enoque. Uma obra, cuja grandeza era tal, que terá espantado o próprio Criador! Tão grande fora essa obra que, após arrasada, dos seus dispersos restos tinha sido construída Babilónia!

Ensinou-lhe que o Mundo estava velho, ensinou-lhe que a velhice era débil, ensinou-lhe que à decadência se segue a queda.

Ensinou-lhe o que não era arte. Ensinou-lhe que arte era criar.

E, enquanto ensinava Benoni, Hiram interrogava-se… Uma festa… mas que festa… porquê uma festa agora?

Eis que Benoni o elucida. Benoni diz-lhe que a festa era em honra da Pérola da Arábia, a Divina Balkis, a Branca Filha da Manhã, a Rainha da Manhã, a Princesa da Manhã, a Bela de Mareb, a Sulamita, a Rainha de Sabá! Ela, a herdeira directa de Sabá o descendente de Abraão e de Kétura. Ela, a descendente de Jostão. Ela, que tinha como ascendente o patriarca Heber tetraneto de Sem, pai dos Árabes e dos Hebreus.

A Rainha de Sabá que, nessa manhã, tinha acabado de chegar a Solime para se deleitar com a beleza do Templo em construção, para se aprazer com a sabedoria do Rei Salomão.

O tom suave e monocórdico com que Benoni falava, irritava Hiram. A Hiram não agradava aquele tom monótono que comparava à fala de Musa-Bem-Anram.

E Benoni prosseguia relatando que os guerreiros, que seguiam no cortejo da Rainha de Sabá, eram em maior número que as estrelas. Que a seguiam mais de sessenta elefantes carregados de arcas com tesouros. Que a seguiam muitos camelos carregados de presentes e das bagagens da Princesa da Manhã. Que vinham homens da Abissínia, da Etiópia e do Iémen.

E Hiram ouvia. E Hiram não ouvia. Sonhador, Hiram, murmurava… “mulher de sangue puro e sem mistura… o que vens fazer a esta corte…?”

E Benoni, o seu fiel companheiro, diz-lhe que se dizia que a Bela de Mareb vinha por Salomão, vinha para casar com o seu Senhor, vinha para ter herdeiros dignos da sua raça.

A fúria de Hiram foi enorme ao ouvir as palavras de Benoni. A Hiram, conhecedor das origens de Salomão, não lhe agradava saber que a mulher de sangue puro iria contrair matrimónio com o Rei em cujas veias corria sangue escravo, filho de uma guerreira e do velho pastor David. David descendente da meretriz Ruth e possivelmente de um agricultor de Efrata.

E Hiram, com desalento, prosseguiu os seus ensinamentos a Benoni. Ensinou-lhe que aquele povo já só era uma sombra de si próprio. Que aquela Nação, na sua queda, se aproximava num ápice do Nadir. Que o luxo e a voluptuosidade tinham enfraquecido quer governantes quer governados. Que daí em diante aquele povo só iria servir para vender mercadorias nos bazares e espalhar pelo mundo a usura.

E Hiram, murmurava… “Oh Grande Balkis… Oh Filha dos Grandes Patriarcas… porque vais descer a este cúmulo da ignomínia…!?”

Benoni interrompe o triste Hiram nos seus ainda mais tristes pensamentos. Benoni trata o seu mestre por Adoniram e diz-lhe que por ser véspera do dia de Sabbat, todos os operários se aproximavam para receber o seu salário.

Chegaram todos os artesãos. Adoniram abriu os cofres-fortes e começou a pagar os salários. Adoniram fazia o pagamento em troca de uma misteriosa palavra que lhe era dita ao ouvido. Desse mistério pouco se sabia. Desse mistério sabia-se que os Mestres tinham uma senha, os Companheiros outra e os Aprendizes uma terceira. Dessa senha sabia-se ser uma palavra sacramental que não devia ser comunicada a ninguém sob pena de morte. E mais não se sabia!

Tarde, muito tarde, terminou a distribuição dos salários. Tão tarde terminou, que Adoniram resolveu ir descansar ali mesmo, pelo que mandou embora o seu companheiro Benoni e recolheu às oficinas subterrâneas, às profundezas das trevas.

Na manhã seguinte, a Grande Balkis, que tinha acampado na véspera às portas de Jerusalém, à beira do Cedron, fez a sua entrada triunfal pela porta Oriental da Cidade Eterna. Chegada ao vestíbulo do palácio, saudou o Sol que brilhava sobre as montanhas da Galileia…

Foi, sua Alteza Real, conduzida à sala do trono onde Salomão a esperava.

Salomão desceu lentamente do seu trono para receber a Rainha da Manhã. E recebeu-a, recebeu-a como só um grande Rei recebe uma grande Rainha.

Saudaram-se veneradamente os Reis galanteando-se com as suas Reais Majestades.

Sentaram-se os Reis. Não havia ouro em Salomão, que do mesmo estava coberto da cabeça aos pés, que ofuscasse a Real beleza da Branca Filha da Manhã envolvida, que estava, nas mais finas e transparentes sedas e gazes, qual lírio branco em alva e orvalhada madrugada.

Teve início um interminável cortejo de escravos que carregavam os presentes da Rainha de Sabá para o seu anfitrião, o Rei Salomão. A de tudo um pouco teve direito Salomão. Ouro, prata, pedras preciosas, incenso, mirra, peles de animais exóticos, dentes de elefantes, tudo... tudo... tudo aquilo com que a Real visitante pretendia impressionar Salomão. A de tudo aquilo com que a Real visitante pretendia seduzir Salomão.

Os Reais cumprimentos orais mútuos faziam-se ouvir em muito pouco ruidosos sussurros, acompanhados de Reais sorrisos, acompanhados de Reais vénias.

Tão pouco ruidosos, eram os sussurros, que dos mesmos pouca conta se pode dar. Sabe-se, no entanto, que a Bela Balkis se referiu às suas vestes, desculpando-se mordaz e provocadoramente dizendo “a simplicidade do meu vestuário convém à opulência e não é inconveniente à grandeza” ao que o Imortal Eclesíastes nada mais do que “pois quê Bela Rainha” conseguiu retorquir enquanto forçava um robustecer das suas Reais faces.

Tão pouco ruidosos, eram os sussurros, que nem Zabud, nem Sadoc, nem Azarias, nem Ahia, nem Elioref, nem Josafá, nem Ahias de Silo, nem qualquer outro dos mais próximos cortesãos de Salomão por mais que esticasse o pescoço, por mais que inclinasse a cabeça portadora de orelhas, se atrevia ao mais pequeno esgar, ao mais leve aceno, ao mais disfarçado sorriso…

Tão pouco ruidosos eram os sussurros, que apenas o velho, o surdo, o então já pacífico Benaía dizia com o seu idiota sorriso “Divino! Encantador!...”

Sim, Benaía, sim, esse mesmo! Benaía o, por ordem de Salomão, assassino de Joab, do Sumo-sacerdote Abiathar, do Príncipe Adonias, irmão caçula de Salomão e filho de David.

“Divino! Encantador! Memoráveis e Inesquecíveis Palavras!”, comprazia-se Benaía a dizer enquanto procurava com o seu olhar, o Real olhar do seu Real Amo e Senhor.

“Memoráveis Palavras!” repetia Benaía, o único que se ouvia, brincando com as suas condecorações e esgalhando o mais estúpido e tolo sorriso.

Continuavam os cumprimentos da Rainha de Sabá ao Rei Salomão. Resolveu a Bela das Belas apresentar a Salomão umas adivinhas e charadas. O Sapientíssimo Rei brilhou na decifração das mesmas. O Sapientíssimo Rei tinha-se preparado. O Sapientíssimo Rei tinha, na véspera, ordenado ao seu Sumo-sacerdote, Sadoc, que subornasse o Sumo-sacerdote da sua Real convidada. O Sapientíssimo Rei brilhou!

Continuavam os cumprimentos da Rainha de Sabá ao Rei Salomão. Citava, de cor, a Bela das Belas, passagens das obras de Salomão. Salomão a mais não chegava do que balbuciar “Então lestes as minhas obras…!" Triste espectáculo estaria Salomão a dar, não fossem tão pouco ruidosos os sussurros entre eles…

E de pouco mais, para além dos seus belos e grandes olhos negros, precisou a Princesa do Iémen para dobrar o coração do Grande Leão. E de pouco mais precisou a Princesa do Iémen depois de citar Salomão “Gozai a vida com as mulheres todos os dias da vossa vida”. E de pouco mais precisou a Princesa do Iémen para reduzir o Imortal à mais simples e comum condição de mortal apaixonado. E de pouco mais precisou a Princesa do Iémen…

- “Oh minha Rainha! Oh Rainha do meu coração! O meu coração espraia-se qual orvalho da Primavera sobre rosas sem espinhos nas amorosas paixões do Cântico dos esposos!”.

- “Oh Grande Rei dos Hebreus! Pode esta Sulamita crer? Oh Grande Rei dos Hebreus! Pode esta Sulamita vangloriar-se? Dignai-vos, Senhor meu, iluminar o meu obscuro juízo!”

Era o momento exacto para Salomão parar. Era o momento exacto para Salomão procurar outro tema para brilhar.

E Salomão falou. E Salomão falou das flores. E Salomão falou das árvores. E Salomão falou das aves. E Salomão falou do Sir-Hasirim. o Cântico dos Cânticos, esse cântico do eterno e terno amor.

Estava na hora. Estava na hora de Salomão dar a conhecer toda a sua imensa grandeza. Toda a sua imensa riqueza.

Estava na hora de Salomão convidar a Pérola da Arábia a conhecer o seu palácio, a visitar Jerusalém, a ver o Templo que estava a ser erguido na montanha de Sião em honra de Jeová.

Forma-se um imenso cortejo. Xilofones, músicos, cimbaleiros, flautistas e tantos outros! Todos precediam um enorme palanquim puxado por escravos Filisteus, onde seguiam os majestosos Reis em suas espojadas e dengosas poses.

Gostou, a Bela Rainha, de Jerusalém e do palácio do seu Real anfitrião, gabando àquela a largura das suas ruas e a este a sua elegância. E quis a Bela Rainha conhecer o arquitecto, o artista, que tão magnificente obra tinha concebido.

Continuou Salomão a dar mais e mais explicações dos seus projectos, não se cansando de realçar a grandeza dos mesmos, não se cansando de realçar os custos dos mesmos, desdenhando um pouco de Adoniram a quem chamou de personagem bizarra e meio selvagem.

Pediu-lhe então, a Rainha do Meio-Dia, que o dito Adoniram lhe fosse apresentado. Salomão mandou que Adoniram fosse trazido à sua presença.

Chegou Adoniram! Avançou para os Reis, cabelo em desalinho, braços nus, peito descoberto, com ar grave e audacioso. Com ele vinha Benoni, o seu fiel companheiro.

Quis, a Branca Filha da Manhã, saber das origens de Adoniram. Adoniram respondeu, falou, filosofou e a Branca Filha da Manhã ficou sem conhecer as origens de Adoniram.

Quis, a Branca Filha da Manhã, saber onde tinha Adoniram aprendido os segredos das suas artes. Adoniram respondeu, falou, filosofou e a Branca Filha da Manhã ficou sem saber onde Adoniram tinha aprendido os segredos das suas artes.

Quis, então, a Pérola da Arábia, felicitar todos os operários e, na sua presença, elogiar Adoniram. A tal pretensão opôs-se, timidamente, Salomão por achar inviável reunir milhares e milhares de operários que, em dia de festejos, se encontrariam espalhados por toda a cidade e vales e colinas circundantes!

Adoniram, sem pronunciar qualquer palavra, dirigiu-se ao peristilo exterior, ao seu lado Oriental, traçou no ar uma linha horizontal, para o meio da qual traçou uma perpendicular, obtendo assim dois ângulos rectos em esquadro como os produzidos por um fio de prumo suspenso numa régua. Era o T Sírio, era o Tha das terras do Ganges, era o Tau Grego, era o sinal de reunião!

E eis que vagas de operários, qual mar de gente, começam a convergir. Aquilo que, de início, parecia uma enorme confusão de pessoas depressa mostrou ser a mais organizada das marchas. Percebeu-se estarem a formar-se três grupos. No centro estavam os pedreiros e canteiros com os mestres nas primeiras linhas, os companheiros atrás dos primeiros e mais atrás os aprendizes. À direita, seguindo a mesma hierarquia estavam os carpinteiros, os marceneiros e os serradores. À esquerda, também na mesma ordem hierárquica, estavam todos os que trabalhavam os metais, fundidores, cinzeladores, ferreiros e mineiros.

Perante esta demonstração de poder, enquanto Salomão recuou assustado uns passos, a Pérola da Arábia saudou com um elegante e majestoso gesto as corporações, retirou do seu pescoço um colar de pérolas com um belo diamante encastoado num triângulo de ouro, dedicou-o a todos os operários e colocou-o ao pescoço de Adoniram. E tudo isto fez a bela Rainha sem pronunciar qualquer palavra.

De regresso ao Palácio ia o cortejo no mais profundo dos silêncios. Ambos os Reis iam embrenhados nos seus pensamentos.

Já Adoniram murmurava para consigo mesmo “Ai de mim! Porque é que os meus olhos tiveram de ver esta Pérola da Arábia!”

De regresso ao Palácio… eis que Salomão decide convidar a Bela Balkis a conhecer a sua residência rural em Mello no cimo de uma colina sobranceira ao vale de Josafá. Poderia assim privar um pouco com a sua esplendorosa hóspede sem que as suas conversas fossem escutadas. Sem que, as suas conversas, dessem origem a comentários por parte do seu povo.

Era uma casa simples construída ao gosto Sírio. Sabe-se que estiveram, um longo tempo, dentro da mesma. Não se sabe de que assuntos trataram enquanto lá dentro. Sabe-se que, quando saíram, a Branca Filha da Manhã, dizia “estais sozinho neste Reino. Eu representar-vos-ia, para a posteridade, com uma estátua dum Rei bem grande de um povo tão pequeno!” A Balkis era forte, corajosa, arrojada e impiedosa!

Continuaram a caminhada pelo exterior em silêncio, os dois, os dois sem os cortesãos, apreciando a beleza e o silêncio da noite que entretanto os tinha vindo brindar acompanhada de uma suave brisa que lhes fazia chegar aos cérebros todas as maravilhosas sensações dos perfumes exalados pelos lírios, pelas glicínias, pelas mandrágoras.

A Rainha movia-se suavemente, abanando-se um pouco como que possuída por uma inebriante languidez. O Rei seguia-a. O Rei sonhava. O Rei imaginava.

Por um momento ambos se sentiram apaixonados. Só com o olhar, sem qualquer palavra, entenderam o que lhes ia na alma e no corpo. A escuridão era propícia. A ausência de qualquer cortesão era o maior dos incentivos. Balkis, curiosa e comovida, estava na idade de amar!

Mas eis que surgem tochas, transportadas por escravos!

Eis que foi anunciado que a ceia estava servida!

Suas Majestades recuperaram a compostura própria das suas Reais Dignidades, e num profundo silêncio acompanhado por terríveis e insuportáveis ruídos nas suas mentes, dirigiram-se para casa!

Entretanto, mestre Hiram ao fim de sete dias de um muito árduo trabalho tinha logrado acabar os modelos e os moldes que iriam dar origem às enormes figuras que decorariam o Templo. Iniciou-se então o processo de fusão dos metais da qual resultaria o bronze com que iriam ser feitas as estátuas. Um imenso mar de gente acorreu. A curiosidade estava instalada em todos os habitantes de Jerusalém. Tratava-se da maior fundição que alguma vez tinha sido empreendida.

Adoniram, acompanhado pelos mestres dos operários, acompanhava, visivelmente nervoso, os últimos preparativos.

A importância deste passo da construção do Templo era tal que Solimão Ben Daud, acompanhado pela sua ilustre convidada e por toda a corte e precedidos por uma ruidosa fanfarra que anunciava a sua chegada, veio assistir ao evento. Adoniram, envergando um avental de lã branco, recebeu suas Majestades e conduziu-as aos improvisados tronos.

Benoni, o fiel e devotado companheiro de Hiram, tudo acompanhava percorrendo os grupos de operários, analisando o zelo individual, observando e julgando se as ordens eram bem cumpridas.

Eis quando senão, Benoni destroçado e assustado correu para Salomão arrojando-se a seus pés e em completo desespero lhe diz “ Senhor, mandai suspender a fundição, está tudo perdido, fomos traídos!”.

Salomão ordena-lhe que se explique.

E Benoni, o fiel companheiro de Adoniram, explica que quando estava a dar a volta à fornalha, por trás do muro, estava um homem escondido tendo-se-lhe juntado um segundo que trocou com o primeiro umas palavras em voz baixa e tendo-se chegado a estes dois um terceiro que também trocou umas palavras em voz baixa. Que, de seguida, ouviu nitidamente o que os três homens disseram:

O primeiro: Ele sujeitou os carpinteiros aos mineiros.

O segundo: Ele subordinou os pedreiros aos mineiros.

O terceiro: Ele quis reinar sobre os mineiros.

O primeiro: Ele dá força aos estrangeiros.

O segundo: Ele não tem pátria.

O terceiro: Está bem.

O primeiro: Os companheiros são irmãos.

O segundo: As corporações têm direitos iguais.

O terceiro: Está bem.

Prosseguiu Benoni explicando que percebeu que o primeiro homem era pedreiro porque disse que misturou calcário e tijolo para que a cal ficasse em pó, que o segundo homem era carpinteiro porque disse que prolongou as travessas das vigas para que as chamas as alcançassem, que o terceiro homem era ferreiro pois disse que tinha misturado na calda, lava de betume e de enxofre que tinha trazido do lago de Gomorra.

Rapidamente se percebeu que os três homens eram Fanor o pedreiro Sírio, Amru o carpinteiro Fenício e Metusael o mineiro Judeu.

Era tarde. Era demasiadamente tarde. Salomão compreendeu-o…

… Uma forte luz púrpura iluminou tudo em seu redor até às colinas…

Benoni, que tinha regressado para junto da fornalha, foi derrubado e engolido pelo imenso mar de bronze.

Adoniram, ao ver todo o seu trabalho a ruir com a torrente da fundição a extravasar, soltou um terrível e agudo grito de desespero que se ouviu no meio de todos os outros gritos de horror e dor. Toda a área ficou juncada de mortos e moribundos.

No meio disto tudo, Salomão e a Balkis mantinham a serenidade própria das suas majestades. Serenamente abandonaram o local da tragédia.

Hiram corria desesperado de um lado para o outro. Todos se afastavam dele. Muitos o invectivaram com desprezo, insultos e maldições.

Só o Sírio Fanor, o Fenício Amru e o Judeu Metusael se aproximaram e lhe deram palavras de incentivo, assegurando-lhe que as suas corporações tinham cabalmente cumprido as suas ordens e que teriam sido os operários estrangeiros que, pela sua ignorância, tinham comprometido o projecto…

Adoniram, desesperado, procurava Benoni. Adoniram, abatido, pensava que também Benoni o tinha abandonado. Adoniram, enganado, matutava que só Fanor, Amru e Metasuel não o tinham abandonado…

“Desonrado! Estou maldito”
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Meus amigos hoje, como ontem, temos de continuar a trabalhar para prosseguirmos na construção do Templo.

Meus amigos sejamos o Quarto Pilar, para que em união com os Pilares da Sabedoria, da Força e da Beleza possamos sustentar o Templo.
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